A
CAMISOLA DE LÃ
O estendal da
Rita estava cheio. Pijamas, camisas, toalhas, peúgas e calcinhas enchiam os
arames baloiçando ao vento e secando ao sol. Estavam felizes e alegres, exceto
a camisola de lã. Pendurada pelos ombros, tentava não ouvir o que resmungava as
calças de ganga. Presas pela cintura, as novíssimas calças gritavam para que
todos escutassem que não pretendia fazer par com a camisola. Quando as gémeas
peúgas perguntaram porquê, respondeu que ela estava velha e sem cor.
A
CÂMERA FOTOGRÁFICA
Quando parou de
chover e o sol irradiou o dia, Joana pegou na trela e levou a caniche a dar um
passeio. Estava um lindo dia primaveril para libertar risos e sorrisos,
travessuras e brincadeiras. Assim que pisou o chão, Canita desprendeu-se da
dona e correu para um caixote do lixo. Chateada, Joana foi atrás dela, pois não
gostava de vê-la roer ossos. Mas surpresa, o osso escondido era uma máquina
recheada de fotos com maravilhosas paisagens.
O
ELÉTRICO
Quando o
comboio chegou à aldeia todas as pessoas juntaram-se na estação para admirar de
perto aquela metálica lagarta. O dia seria de festa e de alegria, pois não
havia ninguém que não quisesse viajar nele. O entusiasmo era tanto que depressa
se esqueceram do pequeno elétrico amarelo acostumado a levar toda a gente pelas
aldeias ao som da sua melodiosa campainha. No furor da agitação, não pensaram
num funeral digno, mas ele agora era uma relíquia.
FÉRIAS
Ainda o galo
não tinha cantado, já o Paulo e a Lara estavam na estação à espera do comboio. As
aulas tinham terminado e aqueles momentos eram sempre de ansiedade até à
chegada dos primos que vinham de férias. Tinham ajudado a avó a colher maçãs,
amoras e morangos para os doces, e estavam desejosos pelas brincadeiras. Mas
antes teriam de pôr o Tomás na banheira. Ele não resistia à tentação de
aparecer com o rosto mascarrado.
A
AVÓ MATILDE
A avó Matilde
gostava de passar as tardes sentada à janela de onde mirava o vaivém das
pessoas na rua. Ria com as crianças ao mesmo tempo que escutava o som dos
pássaros empoleirados nos ramos das árvores do jardim. Sem nunca perder a
atenção do exterior, ajeitava os óculos na ponta do nariz para voltar aos seus
afazeres. Lindos trabalhos de bordados e croché que as talentosas mãos da avó
Matilde faziam quando manejavam a agulha.
DOCES
DE NATAL
João adorava o Natal. Via os presentes antes da
hora, e devorava os doces. Naquela tarde, quis ajudar a avó na confeção das
filhoses, ou melhor dizendo, quis atrapalhar.
— Não tens com que te entreter lá fora?! — ralhou a
D. Felisberta.
— Aqui dentro é mais divertido — respondeu, com um
sorriso maroto. — Posso ajudar a amassar?
— Podes ir embora.
João não resistiu e colocou a mão no alguidar. No
fim, saiu com o rosto também recheado de massa.
O
LAGO
Quando o nevão
caiu cobrindo de branco os telhados das casas e gelando os lagos, todas as
pessoas correram à rua. Crianças construíam bonecos de neve com a ajuda dos
pais e jovens tiraram do armário os patins. Filipa tinha seis anos e ainda não
podia patinar. Mas por 10 minutos conseguiu esse desejo, e exibindo lindas
piruetas pôs a aldeia a aplaudir. No regresso a casa teve uma surpresa. Iria
para uma escola de patinagem artística.
O
LIVRO MISTERIOSO
Quando a mãe da
Sofia obrigou-a a arrumar o sótão, fez uma careta que durou uns 10 minutos. Só
até ao momento em que descobriu um enorme livro de capa grossa e páginas
amarelecidas. Desinteressou-se logo das limpezas, largou a vassoura e sentou-se
no chão. «Que livro seria aquele?» Parecia antigo, mas só havia uma maneira de
descobrir. Abri-lo e desvendar os segredos que ele estava disposto a
revelar-lhe. As palavras sussurravam uma estória inacabada. Sofia sorriu.
O
PALHAÇO
— Despacha-te! — gritou a mãe para o Francisco. — Ou
vais chegar atrasado à escola.
— Já estou pronto! — respondeu, enfiando à pressa
uma colherada dentro da boca.
— Não, não estás. Ainda não te calçaste!
Na atrapalhação, Francisco derrubou a tigela, e espalhou
os cereais e o leite sobre a mesa.
No regresso, pôs a mãe a rir.
— Tu vais para a escola ou para o circo?
— Escola. Não tenho cara de palhaço.
— Mas tens um sapato de cada cor!
AS
NOTAS MUSICAIS
Numa manhã,
toda aldeia despertou soalheira. O céu estava azul, as árvores verdes e as
flores viçosas. Mas algo errado se passava. Os rouxinois cantavam e não se escutavam.
Os canários entoavam e não libertavam nenhum piar. Os trovadores tocavam os
alaúdes e as cordas não gemiam. As pessoas teriam ficado surdas? Todavia, os
gatos miavam e os cães ladravam. Descobriram que Mozzarin, o senhor do castelo,
tinha roubado as notas musicais e fazia-as desaparecer das pautas.
JARDIM DE PALAVRAS
Às 17h04m,
Januário levantou-se da cama. Descalço, percorreu o soalho morno do quarto até
aos azulejos frios da cozinha. Passara o dia a dormir para estar acordado à
noite. Pegou no pacote de leite do frigorífico e sorveu dois golos. Dirigiu-se
até à sala, sentou-se em frente da máquina de escrever e colocou a folha branca
no rolo. No fim, estacou com o dedo a pairar sobre uma tecla. Como seria o seu
próximo jardim de palavras?
PIANO
O senhor Zé
escolheu uma das mais antigas e belas profissões do mundo. Quis ser carpinteiro
e durante cinquenta anos construiu armários, móveis, camas, mesas, cadeiras e
tudo o que as pessoas da aldeia e arredores lhe pediam. Certo dia, teve o
pedido mais surpreendente, mas também o mais grandioso que alguma vez podia ter
tido. Construir um piano. Parecia difícil, mas como nas mãos habilidosas do
senhor Zé não havia impossíveis, todos os desejos eram concedidos.
Adorei ler os minicontos. Adoro a criatividade dos amantes das palavras que desenham paisagens e contornam a nossa vida com elas.
ResponderExcluirSão pequenas e maravilhosas construções espelhada em uma realidade fantastica do cotidiano.
ResponderExcluirBom muito bom
ResponderExcluirlegal
ResponderExcluirlegal
ResponderExcluirmuito interessante
ResponderExcluirSão ótimo
ResponderExcluirTop
ResponderExcluirKkk
ExcluirTira do ar só por 10 minutos
ResponderExcluirVai se ferrar
ExcluirOdeio isso minha professora me obrigou a fazer
ResponderExcluirVc é um otário
ExcluirUma pessoa que escreve ou e um alnafabeto
ResponderExcluirE infelizmente
ResponderExcluirO e ninguém
ExcluirLegal muito bom e é incrível
ResponderExcluirdane-se
ResponderExcluirmuito bom cara
ResponderExcluirfdp por####333
ResponderExcluirfdp é vc sei q criticou tds daqui seu merda 😰
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